A Esquizofrenia, suas nuances e outros Transtornos Psicóticos

 A atualidade de Freud - Nossa Ciência

Recentemente assisti ao TED Talk de Jill Bolt Taylor, neurocientista que fala da sua experiência ao ter um derrame, que relatou inclusive em um livro. O que quero abordar aqui, é o fato dela ter optado por estudar profundamente o cérebro humano por ter convivido toda a sua infância e adolescência com seu irmão esquizofrênico. Assim, confesso que a esquizofrenia é uma psicose que eu também considero extremamente interessante, embora não conviva de perto com alguém esquizofrênico.

O texto desse módulo a trata como a “psicose por excelência”, tamanha complexidade e incompreensão de suas variáveis por parte da medicina. Interessante a definição, bem resumida, da Wikipédia: “Esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por comportamento social fora do normal e incapacidade de distinguir o que é ou não real”. Sua causa exata sequer é conhecida, mas uma combinação de fatores pode influenciar, seja de origem genética, ambiente em que está inserido, cultura, e, até mesmo, alterações na estrutura e química cerebral do paciente.

A esquizofrenia é uma psicose caracterizada por uma dissociação da ação e do pensamento, por pensamentos ou experiências que parecem não ter contato com a realidade. Os portadores dessa psicose apresentam pensamento incongruente e desafiados, fala ou comportamento desorganizado, o que acaba por comprometer a participação ativa nas atividades e rotinas normais do dia a dia. O psicótico também apresenta dificuldade de concentração e alteração na memória. Bastam dois desses sintomas e comportamentos (delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos), ou mesmo apenas um, quando bastante acentuado, durante cerca de um mês, para diagnosticar a esquizofrenia, desde que os sintomas levem a um desajustamento social, com prejuízo significativo para a pessoa no âmbito profissional ou desempenho acadêmico, prejuízo em relacionamento interpessoal e, até mesmo, comprometimento da capacidade de cuidar de si mesmo.

Acredita-se que não há cura, o que torna o tratamento necessário por toda a vida e, geralmente, envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e serviços de cuidados especializados. Ainda pode-se descrever cinco subtipos distintos de esquizofrenia, a saber:

- Esquizofrenia tipo Paranóide – é o tipo mais comum de esquizofrenia, marcada por uma preocupação com delírios ou alucinações auditivas, geralmente delírios de perseguição ou de grandeza. O paciente apresenta ilusões relativamente estáveis, às vezes paranoicas, acompanhadas de alucinações auditivas e perturbações das percepções.  São pacientes tensos, desconfiados, hostis, agressivos e inteligentes.

- Esquizofrenia tipo Desorganizado ou Herbefrênico – esse tipo é marcado por discurso desorganizado, comportamento também desorganizado e embotamento afetivo ou inadequado. Os pacientes têm contato empobrecido com a realidade, são ativos, porém sem propósito, apresentam baixo comportamento social e agem de forma desajustada/inadequada, chegando a gargalhar em público sem motivo aparente.

- Esquizofrenia tipo Catatônico – aqui o paciente apresenta alterações na atividade psicomotora, com imobilidade ou movimentação excessiva de forma despropositada, alterna entre estupor e excitação, negativos, apresentam posturas inadequadas e bizarras, movimentos estereotipados, maneirismo, trejeitos faciais, repetição de palavras e sons, imitação de gestos e atitudes, chegam a precisar de cuidados clínicos quando chegam a ferir a si mesmos e/ou a outros.

- Esquizofrenia tipo Indiferenciado – aqui o paciente psicótico apresenta características de esquizofrenia, no entanto não caracteriza nenhum dos três subtipos anteriores, apresentando características mistas de um e outro, delírios, agitação e pensamento desorganizado, mas não todas as características de um dos subtipos.

- Esquizofrenia tipo Residual – o paciente tem evidências contínuas de perturbação, sintomas negativos ou os sintomas listados anteriormente de forma acentuada, tem-se a esquizofrenia do tipo residual. Pode-se perceber nesse paciente o embotamento afetivo, retraimento social, comportamento excêntrico e pensamento ilógico. A diferença é que nesse tipo de esquizofrenia, o paciente não é catatônico, não apresenta delírios e alucinações, nem discurso desorganizado.

Associado à psicose em estudo, ainda há o Transtorno Esquiofreniforme é semelhante à esquizofrenia, porém dura menos tempo, em cerca de um mês os sintomas desaparecem, podendo levar até seis meses para desaparecerem por completo e, por esse motivo, o prognóstico é bom. Após finalizarem os sintomas psicóticos, é comum que o paciente tenha um quadro depressivo, tratável com psicoterapia. E o Transtorno Esquizoafetivo agrupa características da esquizofrenia e do transtorno do humor, com todas as características da esquizofrenia associadas a episódios de mania e depressão.

Vários outros transtornos psicóticos, que não os esquizofrênicos, mas também caracterizados pela perda de contato com o mundo real, são apresentados nesse módulo (inclusive as parafilias sexuais, estudadas anteriormente), com diferentes características, anomalias, sintomas e tempo de duração. Podem ser induzidos e/ou estimulados por substâncias químicas ou de origem biológica, alguns são raros e atípicos, de maior ou menor gravidade, intrínsecos da pessoa ou gerados por elementos externos. Seja qual for o transtorno, somente conseguiremos ajudar o paciente se entrarmos no mundo dele, de forma empática, para entendermos como ele vive, como enxerga o mundo, seus medos e limitações impostas pela psicose. Além de ser necessário estabelecer e manter rapport e uma postura bastante respeitosa com o paciente.


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