Freud,
o psiquismo e a personalidade
A
psicanálise apresenta uma topografia hipotética do aparelho psíquico dividida
em três sistemas: inconsciente, pré-consciente e consciente. Para Freud, em ‘O
ego, o id e outros trabalhos’ (1923 – 1925), a premissa fundamental da
psicanálise está na divisão do psíquico, em o que é consciente e o que é
inconsciente. Tudo o que conhecemos está na consciência e, até o próprio
inconsciente, somente poderá ser conhecido se tornar-se consciente. Para isso,
é mais fácil tornar algo inconsciente em pré-consciente, que está ainda mais
acessível ao consciente. Do pré-consciente ao consciente o processo flui
naturalmente, por meio de fragmentos de lembranças. No caso do paciente
neurótico, acontece um profundo conflito entre consciente e inconsciente. Outro
ponto importante é a entrevista preliminar antes de começar o tratamento
propriamente dito. Nesta, o paciente deixa aflorar as informações do
consciente, bem como os sintomas que apresenta, transforma a demanda de amor ou
de cura em demanda analítica. Como fim da entrevista, o psicanalista decide se
acatará ou não a demanda de análise. Caso perceba uma estrutura psicótica que
pode desencadear um surto, pode acabar negando o paciente para análise. Se sim,
inicia-se o processo de análise.
Freud
conclui que os fatos acontecem no consciente, ficam gravados no pré-consciente
e recalcam para o inconsciente. Do ponto de vista funcional, o consciente se
opõe à amnésia e ao que não é lembrado, que são o inconsciente (processo
primário) e o pré-consciente (processo secundário). Podemos dizer que o
pré-consciente está localizado entre o inconsciente e o consciente, refere-se a
algo que não está de todo oculto, mas também não se tornou totalmente
consciente, no entanto seu conteúdo está acessível à consciência. No
pré-consciente estão as ideias, as impressões, experiências passadas e
pensamentos, além das impressões do mundo. O pré-consciente se relaciona com a
realidade e com o inconsciente durante o sonho, por isso pode expressar desejos
inconscientes. Para Freud o inconsciente é a estrutura que traz os impulsos e
sentimentos que não são conscientes pra o homem aquilo que ele não sabe, embora
exista. Quando partes do inconsciente passam para a pré-consciência, se
manifestam no consciente. É no inconsciente que aparecem os mecanismos de
deslocamento, condensação, projeção e identificação.
Durante a
análise, o inconsciente aflora em erros, chamados por Freud de atos falhos, que
podem ser atos falhos na linguagem (erros na fala, na escrita ou de leitura), atos
falhos de esquecimento (falha de memória) ou atos falhos no comportamento ou
ações desastradas (cair, quebrar, derrubar, tropeçar, etc). Se avaliarmos cada
um desses erros, veremos que, na verdade, são acertos, ou seja, algo que
falamos conscientemente, mas que revela algo inconsciente.
Os
sistemas da Topografia de Personalidade (Cs, Ics e Pcs), por sua vez, possuem
três instâncias, edições psíquicas, que são a Teoria Estrutural: Id
(diretamente ligado aos instintos), Ego (parte mais coerente e organizada) e Superego
(mediador entre id e ego).
O Id é a
instância psíquica mais arcaica e se encontra totalmente no inconsciente, é
onde estão as pulsões que buscam o prazer, gratificação imediata e não aceita
frustração. A ele foi atribuída a parte primitiva da mente, o instinto irracional
que se manifesta sem a preocupação com princípios morais e éticos, é mais marcante
na infância, quando a mente é dominada pelo desejo de ter seus pedidos
atendidos prontamente. Sua energia é dos tipos: agressivo e libido.
O Ego e o Superego
são formados a partir do Id, só que enquanto o Id é regido pelo “princípio de
prazer” (satisfação imediata, sem pesar as consequências), o Ego é regido pelo
“princípio de realidade” (o que é possível alcançar, como alcançar e as possíveis
consequências). O Ego coordena funções e impulsos internos para evitar conflitos.
A atividade do Ego pode ser consciente (percepção e processos intelectuais),
pré-consciente e também inconsciente. Para Freud estamos divididos entre o Id, que
não conhece limites e o Ego, que nos impõe limites.
O Superego começa a se formar no indivíduo
desde cedo, quando a criança percebe que existem normas, regras e padrões
morais, recebidos dos pais e da sociedade. Desenvolve-se a partir do ego, em um
período que Freud designa como período de latência, situado entre a infância e
o início da adolescência, quando é formada nossa personalidade. Exerce influência sobre o
Ego ao ponto de castigá-lo por se deixar levar pelo Id, causando sentimento de
culpa. Utiliza regras e valores e morais para agir no Ego, de forma a censurar
o Id.
Na personalidade coexistem ativamente os instintos (pode ser o sexual,
que tem a ver com libido e instinto de vida; e agressivo, que tem a ver com
ambição, competitividade, impulso de autoafirmação, etc.) e a ansiedade (que
pode ser real, neurótica ou moralística).
No
processo de trabalho, enquanto clínico, o psicanalista lida com o emocional,
muitas vezes desconhecido e inconsciente.
Ainda assim não usa instrumentos, não toca as pessoas, nem ministra medicamentos ou as aconselha, no entanto, as
pessoas encontram a cura por meio da psicanálise, pela explicação da vida
inteira do homem, recorrendo tão somente ao instinto sexual ou libido.
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