Os sonhos em Psicanálise

 1939: Morria Sigmund Freud | Fatos que marcaram o dia | DW | 23.09 ...

Os sonhos são uma construção psíquica, uma experiência que tem significado, portanto são passíveis de interpretação. Freud, em ‘A interpretação dos sonhos’, afirma que “existe uma técnica psicológica que torna possível interpretar os sonhos, e que, quando esse procedimento é empregado, todo sonho se revela como uma estrutura psíquica que tem um sentido e pode ser inserida num ponto designável nas atividades mentais da vida de vigília”, ou seja, a partir daí o sonho ganhou um caráter científico, digno de vários estudos, das mais distintas frentes. Alguns desses estudos comprovam que até bebês no útero materno sonham.

A psicanálise considera o sonho um espaço para a realização de desejos reprimidos. Para Freud, todo sonho é a realização de um desejo e possui o sentido manifesto – a fachada, que são as situações absurdas do sonho e o sentido latente – o significado real do sonho. O conteúdo latente é onde se origina o sonho, o conteúdo utilizado para a sua formação do sonho. Já o conteúdo manifesto é o que literalmente sonhamos, é o que nos lembramos quando acordamos. Quando contamos nossos sonhos para alguém, o que estamos relatando é o conteúdo manifesto. Pode-se dizer que o conteúdo latente é o sonho em si e o conteúdo manifesto é a sua aparência. Entre o conteúdo latente e o conteúdo manifestos, temos as associações.

Carl Jung, por sua vez, define os sonhos como uma ferramenta da psiquê que busca o equilíbrio por meio da compensação, onde são aceitas figuras arquetípicas (o sonhador é o protagonista que contracena com anima, ânimus e sombra), que buscam tornar conscientes informações do inconsciente. O que Freud trata como fachada no sonho, Jung considera o inconsciente se expressando. A psicologia analítica, de Jung, considera importantíssima a interpretação de sonhos.

Para a psicanálise, os sonhos são cargas emocionais que estão no inconsciente, que projetam imagens e sons, como uma fotografia do inconsciente, e a linguagem do sonho são o que Freud chama de símbolos. Freud propõe traduzir o que esses símbolos significam, para entender o que o sonho quer dizer na essência, a raiz do sonho. Jung defende que o inconsciente pessoal se refere a material reprimido, enquanto o inconsciente coletivo é a tendência a sensibilizar-se com símbolos, arquétipos de despertam emoções.

No entanto há controvérsias em outras frentes de estudo e linhas de pensamento. Para os neurocientistas o sonho é apenas uma maneira do cérebro permanecer em ativo durante o sono. Para algumas religiões o sonho é tem um conteúdo, uma mensagem profética, como é o caso do judaísmo. No islamismo também tem conteúdo divino por trás dos sonhos. Filósofos ocidentais não criam nem em sonhos, nem em religião. Alguns grandes pensadores, cientistas e matemáticos também alegaram ter recebido revelações por meio de sonhos.

Quanto à interpretação dos sonhos, antes de Freud e da psicanálise propriamente dita, eram admitidos dois tipos, sendo a interpretação por decifração, que é o conteúdo dos dicionários de sonhos e a interpretação simbólica, que se relaciona com profecias, o significado tem a ver com algo que ainda acontecerá, evento futuro. Para Sigmund Freud, além do conteúdo manifesto do sonho, que o que nos lembramos e contamos sobre o sonho, ainda existem as associações do sonhador. Assim, além do que já foi relatado acima, de que o sonho tem o conteúdo manifesto (a narrativa do sonho), o conteúdo latente (o significado real do sonho), ainda existe a relação do sonhador, as associações com cada parte do sonho. Só avaliando essas associações é que é possível se chegar ao conteúdo latente, à interpretação do sonho, ao significado real.

É notório que, para Freud, o sonho é a realização enigmática de um desejo e, também, um ato falho, ou seja, o sonho que tem um sentido inconsciente. Para ele, os sonhos são os guardiões do sono. Existem dois tipos de sono – NREM e REM, e estudos comprovam que a privação do sono traz consequências mentais e físicas.

Mas, se os sonhos são a realização de desejos, o que dizer dos sonhos que nos causam angústia e sofrimento, como os pesadelos? Ainda assim, Freud defende que o sonho é a realização de um desejo inconsciente. Na verdade, os desejos que são realizados por meio do sonho não se encontram no conteúdo manifesto, mas sim no conteúdo latente e esse conteúdo só pode ser conhecido após a interpretação do sonho. A origem dos sonhos está nos desejos inconscientes, se dá pela transformação do conteúdo latente em conteúdo manifesto. O conteúdo latente (composto por impressões sensoriais noturnas, restos do dia e impulsos do id), traz desejos inconscientes, que sequer admitimos para nós mesmos que os temos.

O sonho passa por um processo de elaboração, um filtro, uma censura da parte inconsciente do ego, que são os mecanismos de dramatização, condensação, multiplicação, de deslocamento, representação pelo oposto e pelo nímio e representação simbólica. A forma de representação dos sonhos mais conhecida são os símbolos.


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