Os sonhos
em Psicanálise
Os sonhos são
uma construção psíquica, uma experiência que tem significado, portanto são
passíveis de interpretação. Freud, em ‘A interpretação dos sonhos’, afirma que
“existe uma técnica psicológica que torna possível interpretar os sonhos, e
que, quando esse procedimento é empregado, todo sonho se revela como uma
estrutura psíquica que tem um sentido e pode ser inserida num ponto designável
nas atividades mentais da vida de vigília”, ou seja, a partir daí o sonho
ganhou um caráter científico, digno de vários estudos, das mais distintas
frentes. Alguns desses estudos comprovam que até bebês no útero materno sonham.
A psicanálise considera o sonho
um espaço para a realização de desejos reprimidos. Para Freud, todo sonho é a
realização de um desejo e possui o sentido manifesto – a fachada, que são as
situações absurdas do sonho e o sentido latente – o significado real do sonho. O
conteúdo latente é onde se origina o sonho, o conteúdo utilizado para a sua
formação do sonho. Já o conteúdo manifesto é o que literalmente sonhamos, é o
que nos lembramos quando acordamos. Quando contamos nossos sonhos para alguém,
o que estamos relatando é o conteúdo manifesto. Pode-se dizer que o conteúdo
latente é o sonho em si e o conteúdo manifesto é a sua aparência. Entre o
conteúdo latente e o conteúdo manifestos, temos as associações.
Carl Jung, por
sua vez, define os sonhos como uma ferramenta da psiquê que busca o equilíbrio
por meio da compensação, onde são aceitas figuras arquetípicas (o sonhador é o
protagonista que contracena com anima, ânimus e sombra), que buscam tornar
conscientes informações do inconsciente. O que Freud trata como fachada no
sonho, Jung considera o inconsciente se expressando. A psicologia analítica, de
Jung, considera importantíssima a interpretação de sonhos.
Para a
psicanálise, os sonhos são cargas emocionais que estão no inconsciente, que
projetam imagens e sons, como uma fotografia do inconsciente, e a linguagem do
sonho são o que Freud chama de símbolos. Freud propõe traduzir o que esses
símbolos significam, para entender o que o sonho quer dizer na essência, a raiz
do sonho. Jung defende que o inconsciente pessoal se refere a material
reprimido, enquanto o inconsciente coletivo é a tendência a sensibilizar-se com
símbolos, arquétipos de despertam emoções.
No entanto há
controvérsias em outras frentes de estudo e linhas de pensamento. Para os
neurocientistas o sonho é apenas uma maneira do cérebro permanecer em ativo
durante o sono. Para algumas religiões o sonho é tem um conteúdo, uma mensagem
profética, como é o caso do judaísmo. No islamismo também tem conteúdo divino
por trás dos sonhos. Filósofos ocidentais não criam nem em sonhos, nem em
religião. Alguns grandes pensadores, cientistas e matemáticos também alegaram ter
recebido revelações por meio de sonhos.
Quanto à
interpretação dos sonhos, antes de Freud e da psicanálise propriamente dita,
eram admitidos dois tipos, sendo a interpretação por decifração, que é o
conteúdo dos dicionários de sonhos e a interpretação simbólica, que se
relaciona com profecias, o significado tem a ver com algo que ainda acontecerá,
evento futuro. Para Sigmund Freud, além do conteúdo manifesto do sonho, que o
que nos lembramos e contamos sobre o sonho, ainda existem as associações do
sonhador. Assim, além do que já foi relatado acima, de que o sonho tem o
conteúdo manifesto (a narrativa do sonho), o conteúdo latente (o significado
real do sonho), ainda existe a relação do sonhador, as associações com cada
parte do sonho. Só avaliando essas associações é que é possível se chegar ao
conteúdo latente, à interpretação do sonho, ao significado real.
É notório que,
para Freud, o sonho é a realização enigmática de um desejo e, também, um ato
falho, ou seja, o sonho que tem um sentido inconsciente. Para ele, os sonhos
são os guardiões do sono. Existem dois tipos de sono – NREM e REM, e estudos
comprovam que a privação do sono traz consequências mentais e físicas.
Mas, se os
sonhos são a realização de desejos, o que dizer dos sonhos que nos causam angústia
e sofrimento, como os pesadelos? Ainda assim, Freud defende que o sonho é a
realização de um desejo inconsciente. Na verdade, os desejos que são realizados
por meio do sonho não se encontram no conteúdo manifesto, mas sim no conteúdo
latente e esse conteúdo só pode ser conhecido após a interpretação do sonho. A
origem dos sonhos está nos desejos inconscientes, se dá pela transformação do
conteúdo latente em conteúdo manifesto. O conteúdo latente (composto por
impressões sensoriais noturnas, restos do dia e impulsos do id), traz desejos
inconscientes, que sequer admitimos para nós mesmos que os temos.
O sonho passa
por um processo de elaboração, um filtro, uma censura da parte inconsciente do
ego, que são os mecanismos de dramatização, condensação, multiplicação, de
deslocamento, representação pelo oposto e pelo nímio e representação simbólica.
A forma de representação dos sonhos mais conhecida são os símbolos.
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